Educador cristão de militantes da transformação social!
Discurso realizado em 29/07/2009
Canoas emancipou-se a setenta anos! Nesta feita, o menino Armindo Catelan com sete anos de idade, chegava com sua família a esta cidade. Aos doze ingressa no Seminário para ser padre. Em julho de 1959 é ordenado sacerdote, no ano em que eu nascia no município de Garibaldi, cidade em que também nasceu Pe. Armindo.
Nestes cinqüenta anos de sacerdócio, mais de trinta foram exercidos nas terras canoenses. Dos quatro quadrantes de nosso município, Pe. Armindo marcou sua atividade pastoral em três deles. Dos inícios dos anos setenta até meados de oitenta, no Centro, Harmonia e Mathias Velho, no quadrante noroeste. De meados de oitenta até meados de noventa, no quadrante nordeste no bairro Igara e no início do Guajuviras. Nos últimos seis anos, no quadrante sudoeste, nos Bairros rio Branco e Fátima.
Foi com vinte e um anos de idade que nossas vidas se cruzaram, eu como frade capuchinho iniciando minha inserção nas comunidades do bairro Mathias Velho e Pe. Armindo como vigário da Paróquia São Luiz do centro e, em 1982, como primeiro pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus do bairro Harmonia.
Pe. Armindo foi pastor de mais de cinqüenta comunidades em Canoas. Boa parte dessas acompanhou-as desde seu surgimento, particularmente as comunidades Eclesiais de Base da grande harmonia e Guajuviras. Ao lado do Irmão Antônio, de vários frades capuchinhos, das Irmãs do Coração de Maria, Jesus Crucificado, Divina Providência e Franciscanas Aparecidinhas, animou e encorajou animadores eclesiais e militantes sociais.
Contribuiu com sua educação cidadã na forte unidade das lutas sindicais e comunitárias que emergiram na vitalidade do sindicato dos metalúrgicos, da UAMCA e de todos os movimentos nascidos das ocupações da grande Mathias e Guajuviras. Pe. Armindo é um dos poucos sacerdotes desta geração que em sua visão e prática educativa soube juntar duas grandes as forças de dois grandes conjuntos de lideranças sociais: as das lutas no local de trabalho com as lutas cotidianas do local de moradia, na unidade das ferramentas sociais dos pobres e trabalhadores das periferias de Canoas, o movimento comunitário com o movimento sindical.
No movimento comunitário contribuiu juntando a força das lideranças comunitárias com a parceria de profissionais liberais de classe média nas instituições públicas, muitos destes oriundos da Juventude Universitária Católica, os quais acompanhou pastoralmente nos idos dos anos sessenta e setenta. É assim que avançaram as lutas pela luz elétrica nas ocupações, tendo a presença de Jairo Cruz e Flávio Madruga na CEEE; na estruturação das ruas, quarteirões e lotes, com a ajuda do Arquiteto Tuia; da vitória judicial da posse na União dos Operários com a decisiva defesa do Dr. Jaques Alfonsim; as construções comunitárias com as plantas do engenheiro Bianco; do movimento das mulheres na saúde, no vestuário e na alimentação com a parceria de Ana Alfonsim, Doutora Maria Falkenbach e tantas outras que articulavam os setores médios e escolas particulares. No movimento sindical, sempre lembramos a iniciativa de acolher os metalúrgicos que desde início dos anos oitenta, impulsionaram o sindicalismo combativo, com lideranças como nosso Senador Paulo Paim, Marco Maia e Nelsinho metalúrgico.
A visão do Projeto Político a partir dos trabalhadores e o método de pastorear onde a vida e a fé são duas faces de uma única moeda, são os dois trilhos que conduzem o mesmo trem, são os dois pés da mesma pessoa, animando, acompanhando, estimulando a partir do cristianismo os militantes canoenses que ajudaram nestas últimas décadas, fizeram as mudanças em Canos e no Brasil. O pastora das maiorias que receberam o cuidado da benção, do saber ouvir, do ofertar a amizade, do consolo nas horas difíceis da morte e das horas alegres dos batizados, casamentos e aniversários. Por tudo isto, em especial, pela prática de educador cristão de militantes da transformação social, Pe. Armindo merece, a partir de hoje, ser cidadão Canoense.
Pela perspeciva Weberiana, para não citar Marx, daquilo que temos notícias do campitalismo na Europa do passado, poderíamos dizer que a contribuição de Padre Armindo deve ser um exemplo para todos nós da América Latina e Brasil de hoje, no sentido de promover a luta dos oprimidos diminuindo abissais diferenças entre os da elite da riqueza e a grande maioria de despossuídos.
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