A
professora Fernanda, diretora desta escola, fez uma fala na sessão de abertura nesta
6ª edição do programa Prefeitura Mais Perto, destacando a relação pedagógica da
comunidade territorial do entorno sendo acolhida pela comunidade escolar. Dizia
que valia a pena os alunos, os professores e servidores da escola alterarem a
cotidiana rotina escolar para um outro e importante aprendizado de cidadania,
citando Edegar Morin. O vereador Patrício, falando em nome da presidência da
Câmara, desafiou a cada aluno abordar os servidores e gestores ali estavam para
saber quem são e o que fazem, no sentido de ampliar a compreensão do alcance
desta programação que oportuniza o acesso imediato do cidadão a vários serviços
públicos.
Ou
seja, esse tema do exercício da cidadania como um processo de aprendizado é um
eixo fundamental nos mandatos dos vereadores, em particular, aos vereadores do
Partido dos Trabalhadores. Para mim que convivo nesta região territorial há
cerca de 40 anos, espaços públicos como esta escola revivem lembranças que
povoam minha memória das lutas pela moradia e pelas condições de habitabilidade,
dentre estas o acesso à escola, nesta região noroeste de Canoas. No filme dos 34
anos de caminhada do David Canabarro, relembro a luta inicial dos Clubes de
Mães das Comunidades Eclesiais de Base realizando abaixo-assinados,
manifestações públicas e agendando reuniões com os gestores da época para que
seus filhos tivessem acesso à educação básica. Destaco aqui presente Dona
Generosa dos Santos, que na época foi uma protagonista e viu praticamente todos
os seus seis filhos, aqui serem alfabetizados e realizarem seus primeiros anos
de aprendizado.
Este
terreno em que a administração municipal do então prefeito Cláudio Schultz se
situa numa nesga de terra em uma área regularizada do bairro Mathias Velho,
junto a Rua Florianópolis que se tomarmos da Rua Livramento até a Rua São Sepé,
são hum mil metros de extensão por 50 metros de largura. No entanto, ao norte
desta área, temos 50 mil metros quadrados da Vila União dos Operários com seus
1.227 lotes e ao sul, a Vila Sano Operário com seus 112 hectares e 3.342 lotes,
sem contar a Vila Natal. Ou seja, mais de cinco mil famílias chegaram aqui
neste território no período entre os anos de 1980 e 1986, exigindo que os
gestores da educação pública estadual praticamente duplicassem o espaço das
escolas São Francisco, Tereza Francescutti e Guilherme de Almeida; e, os
gestores municipais construírem três novas escolas na região (Thiago Wurth,
João Paulo I e David Canabarro), além de incentivarem a comunidade Luterana, a
instalar duas escolas comunitárias: Santa Cruz e São Mateus.
A
EMEF David Canabarro inicia com meia dúzia de sala de aula, das quais ainda
hoje se conservam três, evidentemente com suas múltiplas reformas. Após uma
década, outra meia dúzia de salas de alvenaria foram construídas para aulas e
serviços administrativos. Iniciando a terceira década de existência, um prédio
de alvenaria de dois andares perfazendo hoje a escola com vinte salas, 17
destas para atividades de aprendizagem para os alunos e 3 de atividades meio.
Mas, foi após 30 anos de existência que receber em 2015 uma bela cancha
coberta, a qual possibilita com qualquer tempo a realização das atividades
esportivas, de lazer e integradoras da comunidade escolar. É preciso que se
destaque os avanços das últimas duas gestões não só em termos de inovações
pedagógicas, mas também em relação ao uniforme, ao material didático e à merenda
escolar. Porém, no território houve nos últimos anos melhorias como o
asfaltamento de todas as ruas, fato que interfere diretamente na qualificação
da vida do aluno desde sua casa, na rua e no interior da escola em termos de
aprendizagem. Deixar de habitar um local e transitar em uma rua com pó no verão
e barro no inverno é bem diferente de conviver com ruas asfaltadas e terrenos
regularizados, assim como, impacta de modo diferenciado em termos de saúde,
auto-estima e qualidade de vida no ambiente escolar.
Enfim,
processos das gestões anteriores como Orçamento Solidário (2001-2008) Orçamento
Participativo, Prefeitura na Rua e Plenária de Serviços (2009-2016) e, na
gestão atual, o Prefeitura Mais Perto são momentos que dinamizam a cidadania,
conectando o cotidiano do cidadão ou do aluno com as funções e serviços
públicos com seus gestores. Por isto, par nós da bancada do PT, ter mais ou
menos ações e processos voltados a participação cidadã é um eixo fundamental de
louvar ou criticar as gestões públicas. Lamentamos que esta gestão tenha atuado
para enterrar instrumentos como o Orçamento Participativo, Congresso da Cidade,
Plenária de serviços, Audiência aberta com o prefeito. Reconhecemos a
importância, com elementos inovadores do Prefeitura Mais Perto em relação à
Prefeitura na Rua. Porém, no conjunto do Sistema Público de Participação Cidadã
que havia na gestão passada, o Prefeitura Mais Perto” e o “Prefeitura Tá na Área”
com uma preocupação em atender necessidades imediatas individuais ou de
melhorias na infraestrura pública, o que um serviço público correto e
importante, permanece muito aquém do que compreendemos como uma política de
participação cidadã, tanto na quantidade quanto na qualidade.
(EMEF David Canabarro, 26/set/2019)